domingo, 31 de março de 2013

O ARCO-ÍRIS DE 9 CORES

De alguns anos para cá, tornaram-se muito comuns discussões sobre homofobia. Porém, tenho percebido que o mais adequado seria pensarmos em homofobias. Digo isto porque, em minha opinião, hoje temos a homofobia ativa ou direta e a permissiva ou indireta.
O homofóbico ativo, que chamarei de Tipo 1, é aquela pessoa que sempre teve raiva e exerceu militância contra homossexuais. É o que, combate, ofende e agride o homossexual apenas porque este é homossexual. Trata-se da homofobia direta, fundamentada no ódio. O homofóbico do Tipo 1 é capaz de mudar de calçada só para agredir um gay que está passando do outro lado da rua. “Qual a maldade que eu posso cometer contra esse gayzinho agora?!”, pensa o homofóbico ativo.
O homofóbico permisso, que denomino como Tipo 2, é aquela pessoa que, ao contrário do Tipo 1, sempre teve boa amizade e convívio saudável com gays. É o que sempre defendeu os direitos da pessoa gay assim como faz com o direito de todas as pessoas, mas que de uns tempos para cá passou a ver o movimento gay e seus desdobramentos com certa desconfiança, isto é, não consegue confiar nas motivações dos homossexuais como confiava antes. Assim, a pessoa que passou a ter receio dos interesses homossexuais é capaz de mudar de calçada porque está com receio de um gay que está andando do mesmo lado da rua. É a homofobia indireta, inspirada na falta de confiança, no descrédito e até no medo, e não no ódio. “O que será que este gay pode fazer contra mim agora?!”, pensa o homofóbico permissivo. E eu fico aqui pensando: “O que faz com que alguém comece a permitir tais suspeitas e cismas onde antes não havia? ”
Sem me delongar, creio que um dos fatores que mais contribuíram para o surgimento da homofobia permissiva ou indireta é o fato da imagem dos movimentos gays estar cada vez mais associada às estratégias políticas e ao comportamento midiático. Ora, sabemos que grande parte dos brasileiros não confia nos políticos profissionais tão pouco nas performances da nossa mídia. Por isso, quanto mais a causa homossexual se identificar com os palanques, plataformas partidárias, palcos e auditórios, mais homofóbicos do Tipo 2 surgirão, pois, como já mencionei, aquilo que eu chamo de homofobia permissiva acontece naturalmente pela falta de confiança, medo e descrédito, aspectos muito presentes no relacionamento da população com a política brasileira e com os meios de comunicação como um todo. É lamentável! Pois os dois tipos de homofobia são prejudiciais.
Bem, mesmo se eu não estiver certo quanto às homofobias que descrevi, gosto de lembrar do mundo que eu conheci quando era mais jovem, onde gays e héteros conviviam fraternalmente, sem ódio e sem desconfiança. Um mundo onde nem gays nem héteros conheciam a homofobia. Um tempo em que os gays eram gays e os héteros eram héteros, simplesmente. Um tempo em que um gay podia dizer ao amigo hétero: “Sou gay e quero me casar”. E o amigo hétero podia responder: “Eu não concordo com o casamento gay”. Em seguida os dois iam tomar um chopp e se divertir com outros amigos. Era uma época em que não havia nem ódio nem medo ao escrever um artigo simples e despretencioso como este.
Chego a ter a impressão que, naquela época, o preto e o branco também faziam parte do arco-íris. É isso mesmo... o arco-íris tinha pelo menos 9 cores naquele tempo. Às vezes sinto que esse mundo ainda existe dentro de algumas pessoas. Ainda bem!

Pena que, por outro lado, parece aumentar o número de pessoas que tentam reduzir o arco-íris a apenas duas faixas, a dos homofóbicos e a dos antihomofóbicos.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Epicondilite Benígna

Sempre ouvi falar de um problema que costuma se manifestar no cotovelo da gente provocando muita dor e comprometendo bastante a realização dos movimentos – é a tal da Epicondilite. Nunca dei muita bola pra isso, até que certa manhã tive uma desagradável surpresa: acordei com um desconforto irritante no braço direito, bem no cotovelo, e, quando conversei com meu médico sobre o caso, não deu outra: “É Epicondilite!”, disse o doutor. Olha, se realmente existir aquela famosa “dor de cotovelo” que o povo costuma dizer por aí, tenho praticamente certeza que a Epicondilite dói mais do que ela.
Bem, para poupar seu trabalho de ir ao Google pesquisar sobre o assunto, posso adiantar que a Epicondilite se caracteriza pelo aumento da sensibilidade na região do epicôndilo, que é uma das saliências ósseas da articulação do cotovelo onde ficam inseridos os tendões de vários músculos do braço. Então, quando esse negócio dói, dói pra valer, especialmente se for por inflamação ou algum trauma. E eu posso afirmar que tava doendo pra caramba no dia em que fui ao médico. Era tudo de ruim.

Por outro lado, foi por causa Epicondilite que eu consegui realizar um sonho antigo: exercitar ainda mais o meu cérebro ao usar a mão esquerda para fazer uma série de coisas que até então eu só fazia com a direita. Assim, pra evitar a dor e poupar o desgaste do cotovelo comprometido, passei a usar o outro braço para abrir tampa de garrafa pet, dar descarga no vaso sanitário, puxar a gaveta do armário, abrir a porta do carro, utilizar o mouse do computador, apertar a ponta da mangueira para aguar as plantas, lavar as costas etc, atitudes diferentes que inclusive ajudam a evitar o mal de Alzheimer. Além disso, em função da Epicondilite, já não preciso jogar 5 partidas de futebol seguidas com meu filho em seu vídeo game. Ora, eu gosto muito de jogar com ele, mas, na boa, 5 partidas seguidas grudado no sofá é muita  coisa prum cara nas minhas condições físicas. Dá dor nas costas, no pescoço, na bunda e, agora, no epicôndilo. Resultado: jogamos uma ou duas partidas e pronto! Vem a dor no cotovelo! É hora de parar! Nem dá tempo de sentir dor em outros lugares. Que alivio! "Beleza, filhão! Amanhã a gente brinca mais".
Essas coisas me fazem pensar que, em muitas ocasiões, a vida permite que passemos por algumas “epicondilites” a fim de nos revelar e oferecer novas oportunidades que até então não conseguíamos ver ou não tínhamos coragem de ousar. Em outras palavras, diante de algumas dores ou limitações do nosso dia a dia descobrimos que temos outros potenciais que estavam esquecidos ou desprezados e que agora podem e precisam ser usados. Diante de alguma porta que se fechou e nos deixou muito entristecidos, percebemos outras portas que já estavam abertas há muito tempo esperando por nós, isto é, caminhos que nos podem proporcionar as mesmas alegrias ou alegrias até maiores do que aquelas que tínhamos anteriormente, quando vivíamos exageradamente bitolados nisso ou naquilo. Por isso digo que as “epicondilites” podem ser benignas, ainda que este termo não exista nos compêndios médicos nem no linguajar clínico.
Portanto, descubra e aproveite o lado útil das “epicondilites” que se manifestam nas articulações da sua alma. Quem sabe você experimente coisas novas, maiores e mais incríveis do que as realizações rotineiras que você tá tão acostumado a viver. Isto é possível! Tente, e não pare de tentar!
No meu caso, penso que se a “Epicondilite” do meu cotovelo direito piorar, meu próximo alvo será tentar usar o papel higiênico com a mão esquerda.  Putz... acho que meu cérebro nem precisava de tanta novidade assim pra evitar o Alzheimer, mas, tudo bem... tá valendo! Já pensou se eu conseguir? Se for necessário, vou tentar!