quarta-feira, 27 de março de 2013

Epicondilite Benígna

Sempre ouvi falar de um problema que costuma se manifestar no cotovelo da gente provocando muita dor e comprometendo bastante a realização dos movimentos – é a tal da Epicondilite. Nunca dei muita bola pra isso, até que certa manhã tive uma desagradável surpresa: acordei com um desconforto irritante no braço direito, bem no cotovelo, e, quando conversei com meu médico sobre o caso, não deu outra: “É Epicondilite!”, disse o doutor. Olha, se realmente existir aquela famosa “dor de cotovelo” que o povo costuma dizer por aí, tenho praticamente certeza que a Epicondilite dói mais do que ela.
Bem, para poupar seu trabalho de ir ao Google pesquisar sobre o assunto, posso adiantar que a Epicondilite se caracteriza pelo aumento da sensibilidade na região do epicôndilo, que é uma das saliências ósseas da articulação do cotovelo onde ficam inseridos os tendões de vários músculos do braço. Então, quando esse negócio dói, dói pra valer, especialmente se for por inflamação ou algum trauma. E eu posso afirmar que tava doendo pra caramba no dia em que fui ao médico. Era tudo de ruim.

Por outro lado, foi por causa Epicondilite que eu consegui realizar um sonho antigo: exercitar ainda mais o meu cérebro ao usar a mão esquerda para fazer uma série de coisas que até então eu só fazia com a direita. Assim, pra evitar a dor e poupar o desgaste do cotovelo comprometido, passei a usar o outro braço para abrir tampa de garrafa pet, dar descarga no vaso sanitário, puxar a gaveta do armário, abrir a porta do carro, utilizar o mouse do computador, apertar a ponta da mangueira para aguar as plantas, lavar as costas etc, atitudes diferentes que inclusive ajudam a evitar o mal de Alzheimer. Além disso, em função da Epicondilite, já não preciso jogar 5 partidas de futebol seguidas com meu filho em seu vídeo game. Ora, eu gosto muito de jogar com ele, mas, na boa, 5 partidas seguidas grudado no sofá é muita  coisa prum cara nas minhas condições físicas. Dá dor nas costas, no pescoço, na bunda e, agora, no epicôndilo. Resultado: jogamos uma ou duas partidas e pronto! Vem a dor no cotovelo! É hora de parar! Nem dá tempo de sentir dor em outros lugares. Que alivio! "Beleza, filhão! Amanhã a gente brinca mais".
Essas coisas me fazem pensar que, em muitas ocasiões, a vida permite que passemos por algumas “epicondilites” a fim de nos revelar e oferecer novas oportunidades que até então não conseguíamos ver ou não tínhamos coragem de ousar. Em outras palavras, diante de algumas dores ou limitações do nosso dia a dia descobrimos que temos outros potenciais que estavam esquecidos ou desprezados e que agora podem e precisam ser usados. Diante de alguma porta que se fechou e nos deixou muito entristecidos, percebemos outras portas que já estavam abertas há muito tempo esperando por nós, isto é, caminhos que nos podem proporcionar as mesmas alegrias ou alegrias até maiores do que aquelas que tínhamos anteriormente, quando vivíamos exageradamente bitolados nisso ou naquilo. Por isso digo que as “epicondilites” podem ser benignas, ainda que este termo não exista nos compêndios médicos nem no linguajar clínico.
Portanto, descubra e aproveite o lado útil das “epicondilites” que se manifestam nas articulações da sua alma. Quem sabe você experimente coisas novas, maiores e mais incríveis do que as realizações rotineiras que você tá tão acostumado a viver. Isto é possível! Tente, e não pare de tentar!
No meu caso, penso que se a “Epicondilite” do meu cotovelo direito piorar, meu próximo alvo será tentar usar o papel higiênico com a mão esquerda.  Putz... acho que meu cérebro nem precisava de tanta novidade assim pra evitar o Alzheimer, mas, tudo bem... tá valendo! Já pensou se eu conseguir? Se for necessário, vou tentar!

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