terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

As Andorinhas


Espero que esse texto bata à porta do seu coração assim como bate à porta da minha casa dia e noite. São elas, as várias andorinhas que se assentam todas as manhãs defronte a nossa varanda, sobrevoam a vizinhança por alguns minutos, desaparecem durante o dia e, no horário marcado, em torno das 18h30m, voltam e pousam novamente nos mesmos fios de alta tensão. Mas quando voltam, é diferente, são apenas duas; sempre. E então começa a cerimônia que,  com certo exagero, mais parece uma estratégia.

Após permanecerem nos fios por vários minutos, uma das andorinhas sobrevoa nosso quintal e logo retorna para junto da outra. Passam-se mais uns minutinhos e a mesma andorinha faz o segundo voo, este bem mais curto, somente até o beiral da nossa varanda, enquanto a outra aguarda pacientemente no fio. Como acontece em todo anoitecer, a andorinha que está no beiral invade a varanda de modo arrebatador, faz uma espécie de reconhecimento relâmpago e volta para o fio. Sempre assim! Se estiver tudo tranquilo no local, sem movimento ou barulho, aí então ela se lança no ar rumo a nossa varanda pela última vez e se abriga rapidamente entre uma viga de madeira e as telhas de barro. Não demora muito, a andorinha que ficara assistindo a tudo lá do alto do fio vem direto e reto, sem rodeios, sem escalas, e se junta ao seu par entre a viga e as telhas, bem na porta da nossa cozinha, onde passam a noite.Todas as noites! Que cerimônia linda!

Simultaneamente, eu também faço meu ritual dentro de casa. Quando a noite começa a cair, vou até a janela da sala para ver se as duas andorinhas já pousaram nos fios. Depois de certo tempo, dirijo-me à porta da cozinha a fim de conferir se uma delas já se deslocou para o beiral da varanda. É curioso: muitas vezes eu chego ali bem na hora em que a andorinha está fazendo o voo relâmpago de reconhecimento, e assim dou de cara com ela. Que susto! Quando isso acontece, é o clímax. Volto correndo pra dentro de casa e fico quietinho, me movendo suavemente, espiando por alguma fresta e com os ouvidos bem atentos ao som das andorinhas se aproximando e se acomodando entre a viga e as telhas. Como se isso não bastasse, pouco antes de eu dormir, lá pelas 23h, dou um pulinho na porta da cozinha para ver se as andorinhas estão bem; e elas sempre estão. Fico com a impressão de que o principal alvo desta aves e descansar em paz e segurança, pois é isso que vai lhes garantir os voos mais longos e mais altos do dia seguinte.
Ontem à noite, ao ver o casalzinho dormindo sobre a viga de madeira, eu disse ao meu filho: “Que bom que estas andorinhas encontraram um lugar especial pra descansar!” Meu filho respondeu: “É verdade, pai! Nossa casa é uma bênção até para as andorinhas!”. Aquilo chamou minha atenção! Confirmei o quanto um lar pode ser importante na vida das aves e, especialmente, na vida das pessoas. Inevitavelmente, lembrei-medo Salmo 84.3: “O pardal encontrou casa e a andorinha encontrou ninho para si... e eu encontrei paz e segurança no convívio com Deus”. Percebi que assim como nós oferecemos nossa varanda para as andorinhas se abrigarem, Deus também nos acolhe entre as vigas e as telhas do seu amor, onde podemos descansar em paz e nos preparar para novas conquistas e voos mais altos. E assim podemos concluir que viver com Deus é uma bênção! E além de significar paz e segurança, é o que nos capacita para novas conquistas e voos mais altos no dia seguinte.

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