
Ao ver um grande número de pessoas e entidades protestando e postando na net contra a realização desta Copa do Mundo em detrimento da construção de hospitais e investimentos na educação, por
exemplo, fico pensando como seria útil e eficaz se tais mobilizações em favor da
melhoria do sistema de saúde e educacional fossem feitas independentemente da
Copa ser aqui ou não. Tivemos décadas e décadas para reivindicar de forma
intensiva e midiática, mas não o fizemos, e tudo indica que não o teríamos
feito se não fosse o campeonato mundial de futebol deste ano.
Segundo, existem forças
e interesses políticos demais sobre a mesa, e principalmente em baixo dela. Governo
e oposição subestimam e hiperestimam valores e atitudes de acordo com suas
conveniências e projetos que, em quase sua totalidade, não têm nenhuma relação
com a justiça social, o desenvolvimento do país e a dignidade da população. E
eu não tô afim de apostar nesse jogo de cartas marcadas.
Por último, assim
como tivemos muitas décadas para protestar e reivindicar, os governos e demais autoridades
tiveram décadas e décadas para realizar os investimentos que o país e seu povo
mais necessitam – e até agora isto não aconteceu. Pessimista ou não, tenho
certeza que se a Copa do Mundo de Futebol não fosse realizada no Brasil o nosso
sistema de saúde continuaria na UTI, a educação permaneceria nas trevas e o
transporte público patinaria e atolaria do mesmo jeito de sempre e por tempo
indeterminado.
Concluindo, a não
realização do evento em questão de modo algum seria garantia ou pré-requisito para
a mudança do “nosso belo quadro social”. Se a Copa não fosse aqui, penso que
continuaríamos sem hospitais, sem escolas e sem metrôs, assistindo aos jogos
pela televisão, comendo pipoca e saindo pra comemorar as vitórias da seleção
canarinho no meio do trânsito caótico e atrapalhando o funcionamento das
escolas e dos hospitais que hoje temos. Uma série de internautas continuaria
nas redes sociais falando sobre a Copa no Brasil, mas apenas para postarem “gooooooool”.
Se a Copa não fosse no Brasil, a sociedade certamente ocuparia ruas e praças
como está fazendo agora, porém não para protestar e reivindicar, mas sim pra ver
o Neymar no telão e cantar uma música nova: “Noventa milhões sem ação, pra
frente seleção, salve o Brasil”.
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