Acreditar na mentira é mais antigo do que andar pra frente. Além de antigo, parece ser tentador, inevitável e prazeroso. Adão e Eva, por exemplo, não perderam a chance de serem os primeiros a cair numa boa lábia quando se depararam com a serpente. Branca de Neve então, coitada, caiu fácil, fácil na lorota da madrasta malvada disfarçada de velhinha bondosa. E o que dizer do povo brasileiro, que acreditou que o ex-presidente Collor não iria confiscar o dinheiro da Poupança? Pois é... Confiscou! Quantas surpresas! O pior é saber que a mentira tem prevalecido não apenas na literatura ou nos grandes micos da humanidade, mas também em nosso dia a dia, nas simples e pequenas coisas, como eu mesmo já testemunhei várias vezes.
Conheci uma pessoa que estava com problemas na documentação do seu automóvel em função de algumas divergências de informações que, vale enfatizar, não foram causadas por ela, mas sim por órgãos de trânsito, instituições financeiras, despachantes etc. Na época, tal pessoa passava por sérias dificuldades financeiras e por isso precisava muito vender o carro, mas não podia fazê-lo em função da documentação irregular. Acredite se quiser, ela tentou regularizar a situação várias vezes; argumentou da melhor maneira possível; provou que a sua história era verdadeira e que não havia razão para aquele impasse; insistiu muito, mas não conseguiu fazer com que o Detran, o Denatran e outros orgãos acreditassem nela e dessem uma solução. Um belo dia, seu automóvel foi roubado; simplesmente desapareceu... pufft!!! Que azar, não? Ninguém sabe direito como isso aconteceu. A única coisa que se sabe é que ela recebeu o dinheiro do seguro e então pode resolver seus problemas financeiros. Olha que sorte! Dizem as más línguas que tal pessoa precisou inventar essa história porque ninguém lhe dava crédito enquanto falava a verdade.
Outro caso que me marcou muito foi o de uma professora que tentou se proteger ao ser agredida dentro da escola e acabou se dando mal. Testemunhas contam que um aluno de outra turma invadiu a sala dos professores e mordeu a mão da professora de maneira profunda e contínua. Ao perceber que o garoto se mantinha com os dentes cravados em sua mão, e que a dor ficava cada vez mais insuportável, a professora segurou com muita firmeza no menino até conseguir se desvencilhar dele. Eu mesmo vi as marcas profundas da mordida na mão daquela mulher, que ficou em dúvida se faria um boletim de ocorrência a fim de se prevenir de eventuais problemas ou não. Ela não fez o boletim e, dias depois, acredite se quiser, duas pessoas que nem presenciaram o incidente a acusaram de ter agredido o aluno que a mordera. Pasmem! A professora foi aconselhada a deixar a escola com base nas afirmações e conclusões de pessoas que nem sequer viram o que aconteceu na sala dos professores naquela tarde infeliz. A profissional que foi agredida, e depois acusada, tentou argumentar e provar sua inocência, mas os proprietários da escola preferiram acreditar nos enganos e nas calúnias que falaram sobre ela. Dizem as más línguas que as pessoas responsáveis pelas falsas acusações já haviam feito isso em outras ocasiões, e que já era hábito dos donos da escola acreditarem nelas. Eita!
Moral da história: Quer que os outros acreditem em você? Então minta! Mas lembre-se que a história costuma não acabar aí, e que assim como aconteceu com a serpente do Éden e com outras serpentes da humanidade, a mentira é como um bumerangue violento e perigoso que uma hora pode voltar pra você. Pode ser como um veneno que você toma pra tentar matar outra pessoa, como eu também já testemunhei algumas vezes. Acredite se quiser!
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