sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Melhor Filme Estrangeiro

Fiquei muito contente ao saber que o filme “O Palhaço”, dirigido por Selton Mello, será o representante brasileiro para concorrer ao próximo oscar de melhor filme estrangeiro. Gostei do enredo, das imagens, das interpretações e de outros aspectos que observei nas poucas cenas que pude ver. Além de parecer um filme interessante e engraçado, penso que esta é nossa melhor chance de conquistar a estatueta.
Minha empolgação é tão grande que gostaria de sugerir ao Selton começar a pensar no filme “O Palhaço 2”, podendo usar como enredo as cenas circenses que aconteceram comigo recentemente, especialmente nas vezes em que visitei o set da Previdência Social a fim de solicitar o auxílio doença. Dentre os muitos episódios cômicos, vou destacar apenas dois.
O primeiro aconteceu quando fiz minha estreia na perícia médica visando o benefício em questão. Uma das coisas pastelonas que o médico disse foi que as deformidades congênitas da minha coluna vertebral aconteceram porque eu cresci muito e rápido demais. (ha ha ha). Engraçadinho, né?  Bonitinho mas ordinário (agora eu me lembrei do Nelson Rodrigues). Ora, qualquer mico de circo sabe que deformidades congênitas acontecem bem antes da gente crescer. Até porque, mesmo se não fosse um caso congênito, os meus 1,79m não justificariam as hemivértebras, os blocos vertebrais, as espinhas bífidas e outras anormalidades da minha coluna.
O segundo episódio típico de uma boa comédia aconteceu na minha segunda perícia médica, quando o médico disse que, pelo fato de eu ser pastor evangélico, os comprometimentos da minha coluna vertebral não me impedem de trabalhar porque, em tese, a Previdência Social entende que eu só uso a boca e a voz em minha atividade laboral. (rs rs rs rs rs rs rs rs rs  rs rs). Essa foi ótima! Eu me senti contracenando com o Charles Chaplin no filme “O Circo”. Embora seja engaçado, tal comentário do perito me fez lembrar de outro filme: “O Massacre da Serra Elétrica”. Imaginei meu corpo todo mutilado solto por aí nos mais diversos afazeres. Enquanto minha boca e minha voz estão pregando e aconselhando os fiéis, meus pés estão fazendo caminhada num parque, meus olhos estão assitindo um filme no shopping, minhas mãos estão tocando violão na sala de casa, minha coluna vertebral está internada num hospital e minha bunda está numa privada qualquer; tudo ao mesmo tempo. Nem o filme "Jack, o Estripador" é tão esquartejante assim.
Concluindo, estou desconfiado que os profissionais responsáveis pelas perícias médicas no INSS são peritos em piadas. O problema é que são piadas de mau gosto. Além disso, são anedotas que a gente não entende direito, e em vez de rir a gente chora. Mas independente disso, boa sorte ao Selton Mello e a todos os contribuintes que são feitos de palhaços no picadeiro da Previdência Social. Penso que a história destes cidadãos também poderia concorrer a uma estatueta de Holywood, só não sei se seria no gênero drama, terror ou comédia mesmo. Em todo caso, deve ser mais fácil um contribuinte da Previdência receber o oscar de melhor filme estrangeiro do que conseguir um benefício do INSS, basta a gente ver as centenas de brasileiros figurantes amontoados nas agências da Previdência "a espera de um milagre" vivendo um verdadeiro "dia de fúria".

Nenhum comentário:

Postar um comentário