sábado, 1 de setembro de 2012

O Urso (bi) Polar

A vida do urso polar é bastante interessante. Não é à toa que existem inúmeras figuras, desenhos animados, propagandas e outras imagens deste animalão veiculadas no cinema, internet, televisão, enfim, na mídia como um todo.
Dentre os aspectos que poderiam explicar o grande interesse pelo urso polar, penso que o mais marcante seja a ambiguidade de seu comportamento, com atitudes que muitas vezes parecem opostas e até contraditórias entre si. Neste sentido, quando por um lado o urso polar se mostra violento e ágil ao atacar uma determinada presa, por outro ele se mostra lento  e delicado ao caminhar e brincar carinhosamente com seus filhotes.  Ao mesmo tempo em que este animal pode gerar medo por causa de seu tamanho e de suas garras, parecendo tão pesado, forte e assustador, também pode despertar simpatia e afeto quando se levanta para cheirar uma flor, parecendo tão leve, inocente e romântico. E talvez os principais extremos ou opostos deste urso se revelam quando, pela própria natureza, ele passeia livre, disposto e animado em determinados dias do ano, quando então se pode vê-lo com facilidade deslizando na neve e fazendo outras performances para quem quiser fotografá-lo, mas pouco tempo depois desaparece da frente das câmaras, dando a impressão que foi para o outro polo ou sumiu do mapa, passando a hibernar em uma cavernar qualquer, longe de tudo e de todos. Penso que tal característica faz do urso polar um ser um tanto quanto parecido com a gente, e talvez por isso mesmo desperta interesse, curiosidade e admiração.

Assim, penso que todos nós temos um pouquinho de urso polar. Seja por influência de fatores culturais, patológicos ou quaisquer outros fatores, uma hora estamos felizes da vida, cheios de amor para dar e com um milhão de amigos, mas horas depois nos comportamos com se odiássemos a existência, nada presta, queremos ficar sozinhos e não sabemos o motivo (não sabemos, não queremos saber e temos raiva de quem sabe). De manhã, podemos ser azedos e agir como um furacão; à tarde, podemos nos tornar doces e leves como uma brisa. Na calmaria, podemos estimar e considerar algumas pessoas como “anjos de Deus”; mas nos instantes de conflitos e das contas pra pagar podemos atribuir a estas mesmas pessoas outras conotações, como “meu carma”, “minha cruz”, “tentação” etc. Vamos de um polo ao outro, do verão ao inverno, do céu ao inferno, do norte ao sul em poucos minutos, horas ou dias. Será que é porque moramos num planeta bipolar, isto é, que existe e vive entre dois polos há bilhões de anos? Será que é por isso que seus habitantes também se acostumaram a bi polarizar as coisas, as emoções e seu dia a dia?

Bem, seja qual for a explicação ou explicações, científicas ou imaginárias, o que mais importa é que tanto no inverno quanto no verão, na alegria e na tristeza, nos momentos de brisa ou de furacão, fazemos parte do ciclo da vida, assim como o urso polar. Portanto, seja quando hibernarmos seja quando fizermos performances públicas e notórias, façamos isto para promover a vida e cooperar com os propósitos do Criador de um polo ao outro – e mesmo além deles – afinal a vida é muito mais do que as nossas bipolaridades.

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