quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Secretárias e Atendentes - Parte 1

Conheço alguém que há mais de dez anos apresenta muitas dores nas costas e sérias limitações físicas por causa de problemas na coluna vertebral. Seu quadro de saúde vem se agravando a cada ano, e, ao longo desse período, alguns ortopedistas concluíram e atestaram que ele não tem mais condições de manter suas atividades habituais. Recentemente, um dos médicos o encaminhou para o INSS solicitando afastamento ou auxílio doença a fim de investir em tratamentos e promover-lhe melhor qualidade de vida. Mas aí aconteceu algo meio esquisito.
Meu colega chegou à agência da Previdência Social para fazer a perícia médica, pegou a senha e, uma hora depois, foi chamado para entrar numa sala. Sentou-se na cadeira e foi atendido por um senhor aparentemente simpático e agradável que lhe fez as seguintes perguntas: Qual é o seu nome? O que você faz? Onde você trabalha? O que você está sentindo? Onde é a dor? Há quanto tempo você tem essa dor?  Você fez alguma cirurgia? Após fazer estas sete perguntas básicas que secretárias e atendentes costumam fazer nos hospitais, o senhor de aparência simpática e agradável dispensou meu colega informando que em poucos dias ele receberia uma carta com o resultado daquela breve conversa.
Bem, quando eu soube da história, fiquei um tanto surpreso e fiz mais algumas perguntas básicas para o meu colega: Quem é o cara que te atendeu? Ele respondeu: Não sei. Só sei que ele fez as mesmas coisas que as secretárias e atendentes costumam fazer.  Em seguida, indaguei: O cara que te atendeu fez algum exame, teste ou outro tipo de avaliação física em você? A resposta foi essa: Não, ele só fez aquelas perguntas corriqueiras e preencheu uma espécie de ficha, como as secretárias e atendentes fazem. Por último, quase indignado, perguntei-lhe: Ué, e a perícia? Por que não fizeram a perícia em você? Pra minha decepção, ouvi a seguinte resposta: Não sei não; eu devia ter perguntado isso para alguma secretária ou atendente antes de sair da agência. Depois dessa, despedi-me dele e desejei-lhe boa sorte – tudo indica que ele vai precisar bastante.
Mais tarde, ainda intrigado e curioso com a situação, fiquei me perguntando: Qual será o conteúdo da cartinha que meu colega vai receber da Previdência Social? Será que é o agendamento da perícia? Então pensei: Só pode ser! Afinal, parece que a triagem já foi feita por aquele senhor aparentemente simpático e agradável. Acho que vai dar tudo certo. Não há com o que me preocupar.
Mas no dia seguinte, quando minhas dúvidas estavam se aquietando, alertaram-me que aquelas sete perguntas triviais que fizeram para meu colega na agência da Previdência Social talvez sejam a perícia médica que ele estava esperando. Fiquei  incomodado novamente. Será que uma perícia dessa importância poderia mesmo se resumir àquelas sete  perguntinhas primárias e rotineiras? Esquisito, né?
Bem, resta aguardar a carta do INSS chegar para matar nossa curiosidade; a menos que alguma secretária ou atendente simpática e agradável possa nos explicar se essas coisas de perícia médica funcionam assim mesmo.

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