Recentemente, meu colega procurou uma agência da Previdência Social para solicitar o auxílio doença, visto que há muito tempo vinha sofrendo fortes dores e sérias limitações em sua coluna vertebral, fato que levou seu ortopedista a encaminhá-lo ao INSS a fim de pleitear o benefício social, fazer a perícia médica etc. Lamentavelmente, e de modo bisonho, ele saiu da agência da Previdência sem ter certeza do que realmente se passou lá dentro, isto é, conforme mencionei no artigo anterior, meu colega não soube me dizer se a conversa que ele teve com um senhor aparentemente simpático foi apenas uma espécie de triagem ou se aquilo era a tal perícia médica que ele tanto esperava. Ele me disse: "Não parecia perícia, tinha tudo pra ser triagem. Afinal, o senhor de aparência simpática e inofensica que me atendeu fez apenas sete perguntinhas corriqueiras que as secretárias e atendentes fazem nos hospitais ao preencherem formulários". A situação só não foi mais bizarra porque o senhor com aparência de atendente informou que tudo seria esclarecido através de uma cartinha que o INSS enviaria para meu colega dentro de alguns dias. Resumindo, somente a tal carta poderia desvendar o mistério: O que aconteceu com meu colega na sala do perito da Previdência Social foi perícia médica, triagem ou apenas um bate papo informal e despretensioso? Dias atrás, a carta chegou e as dúvidas que tínhamos foram resolvidas. Vou contar como foi.
A carta enviada pelo INSS informava que o auxílio doença solicitado pelo meu colega lhe fora negado. Por um lado, é claro, fiquei triste pelo fato do seu pedido ser indeferido. Que pena... Ele está sofrendo tanto! Por outro lado, fiquei feliz ao ver a agilidade da Previdência Social, pois meu colega nem fez a perícia e o resultado já saiu. Que rápido, hein? Puxa! Parece até que o resultado estava pronto antes mesmo dele entrar na agência do INSS pela primeira vez e solicitar o benefício. Alegrei-me com tamanha eficiência do sistema. Mas esta alegria durou pouco. Ao saber outros detalhes do caso, fiquei decepcionado e mais confuso ainda.
Pelo que está escrito na carta, acho que a perícia médica do meu colega foi feita no mesmo dia e horário em que ele conversou com aquele senhor simpático e agradável. Ora, neste caso, só há duas alternativas: Ou meu colega entrou na sala errada quando foi chamado ou aquelas sete perguntinhas marotas eram a própria perícia. Considerando que a segunda alternativa é a mais provável, ainda temos outro enigma para resolver: Se meu colega realmente entrou na sala certa e aquilo que aconteceu com ele era mesmo a perícia médica, então quem era o tal senhor que lhe fez aquelas sete perguntinhas travessas? Hein? Hein? Seria uma secretária disfarçada de médico? Ou um médico disfarçado de atendente? Seria ele um impostor? Não sei, mas confesso que cheguei a pensar que aquele cara pudesse ser um médico disfarçado de senhor simpático e agradável (mas também não posso afirmar isso).
Bem, diante da situação embaraçosa, faltam-me palavras para consolar meu colega. Até pensei em lhe dizer algumas frases de efeito, do tipo: “A vida tem dessas coisas... Pra frente é que se anda... Não adianta chorar o leite derramado... Há males que vem para bem... Um dia a gente vai rir de tudo isso... O que vem de baixo não me atinge... Um dia da caça, outro do caçador... Pra morrer basta estar vivo... Nossa! Assim você me mata!”. Mas acho que isso não iria funcionar.
Seja como for, meu colega precisa da nossa ajuda. A lei lhe dá o direito de fazer o pedido de reconsideração e se submeter à nova perícia, mas ele me disse que está com medo de fazer isso. Esta semana eu lhe perguntei: “Você tem medo que seu pedido de auxílio doença seja negado novamente?” Ele respondeu: “Não. Estou com medo desse negócio demorar muito”. Então eu o acalmei, dizendo: “Quanto a isso, pode ficar tranquilo. Vai ser rápido! O resultado já deve até estar pronto. Talvez tenha ficado pronto antes mesmo de você ficar doente. A Previdência Social tem sido cada vez mais ligeira e sapeca pra essas coisas”. Danadinha essa Previdência, né gente?!
Concluindo, quero dizer que os leitores também podem ajudar meu colega a resolver seu problema. Se você quiser cooperar com ele, dê sua opinião: Você acha que a reconsideração da perícia é um dispositivo sério e digno de confiança? Ou você também desconfia que esse dispositivo é apenas um artifício para dar a impressão que a Previdência Social valoriza as pessoas? Todos podem participar, inclusive as secretárias e atendentes, que são peritas em preencher fichas, cadastros, formulários etc. Ouvi dizer que até perícia médica elas estão fazendo.
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