Praticamente todas as crianças com as quais convivo são bastante imediatistas e pragmáticas. Muitas delas têm dificuldade em lidar com imprevistos e quaisquer outras situações inesperadas que interrompam ou retardem os planos que fizeram. Nesse sentido, ficam super ultra mega emburradas se chover bem no dia em que a escola faria um piquenique; ficam super ultra mega boladas se não forem à festa de aniversário porque tiveram que estudar para a prova do dia seguinte; chegam a ficar revoltadas se perderem a sessão de cinema porque o pneu do carro furou. De certa forma, isso é natural, afinal elas ainda estão aprendendo a lidar com frustrações, imprevistos, limitações e com a necessidade de mudar os planos e se adaptar.

Coisas desse tipo também aconteceram comigo, e um dos melhores exemplos que eu poderia compartilhar é o nascimento do nosso filho, que veio à luz com menos de sete meses de gestação, depois de minha esposa ter ficado três meses de cama, em repouso absoluto a fim de preservar a gravidez. Foram momentos muito difíceis e tensos. Quase todos os dias havia ameaça de aborto e outros riscos para o bebê e sua mãe. Nesse tempo, recebemos o amor, o carinho e a solidariedade de muita gente; foi transbordante e transformador; fomos tratados com singular humanidade, assim como aconteceu com o apóstolo Paulo na ilha de Malta. E no meio disso tudo, aprendi que, nascendo de nove meses ou a qualquer hora, meu filho precisaria de Deus do mesmo jeito (e nós também). Por fim, ele nasceu prematuramente, passou alguns dias na UTI neonatal, onde também teve algumas complicações. Lembro-me de uma pessoa que me disse: “Como você consegue se manter em paz sendo que seu filho está na UTI em estado grave?” Então eu respondi: “Eu não sei se realmente estou em paz, mas sei que a UTI é para nós o que a ilha de Malta foi para o apóstolo Paulo. A UTI não é o que nós planejamos; não é o que nós queríamos; mas poderia ser pior. Eu espero que Deus cuide do meu filho na UTI assim como cuidou de Paulo naquela ilha, e depois nos permita seguir viajem”. Felizmente, ele saiu do hospital e nós estamos há oito anos navegando e conquistando coisas novas juntos.
Minha intensão com este artigo é dizer pra você que existem situações que, mesmo sendo adversas, podem cooperar para o nosso bem. Existem situações que, mesmo sendo apavorantes, podem ser transformadas e apaziguadas. E existem momentos que funcionam como uma ilha em nosso trajeto, isto é, não é bem onde a gente queria chegar, mas é o lugar onde nossa vida está sendo preservada; é onde podemos descansar um pouco e aprender coisas novas para depois seguir viagem rumo ao que sonhamos. Se você está numa ilha, aproveite o que for possível, e lembre-se: Poderia ser pior!
Este comentário é para testar recursos do blog.
ResponderExcluirEstou testando alguns recursos e está dando certo.
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